Os resultados do BNDES
O resultado operacional “extraordinário” do BNDES seria uma sinalização para a melhora dos investimentos para o ano de 2024?
O presidente do BNDES, Aloízio Mercadante, sinalizou em depoimentos recentes uma melhora substancial no resultado operacional do banco durante o primeiro trimestre de 2024. De acordo com o veículo de notícias CNN Brasil, Mercadante considera que a instituição teve um primeiro trimestre “extraordinário”, apresentando crescimento significativo no volume de consultas e aprovações em relação ao mesmo trimestre do ano anterior.
Vale ressaltar que o banco já havia caracterizado o ano de 2023 como um período de aumento sensível de consultas, aprovações e desembolsos em relação a 2022, conforme publicado em sua série “Estudos especiais do BNDES, nº 20”.
Nesse sentido, a divulgação de dados positivos para o primeiro trimestre de 2024 é um indicativo claro na direção da ampliação da participação do BNDES no mercado nacional de crédito direcionado, o que foi uma promessa eleitoral do atual governo.
Segundo os dados de desempenho operacional referentes ao período de janeiro a março de 2024, os desembolsos, indicador mais representativo da operação efetiva do banco, se elevaram em 22% em relação aos mesmos meses de 2023. Outro ponto a destacar foi o aumento de 68% nas consultas e 91% nas aprovações, o que indica um salto significativo da busca por novos recursos de financiamento nas mais diversas áreas produtivas, evidenciando um maior dinamismo no panorama empresarial.
Tal resultado positivo foi observado em todos os setores, com variação das aprovações em 189% na indústria (R$ 6,9 bilhões), 97% na infraestrutura (R$ 6,6 bilhões), 65% em comércio e serviços (R$ 4,4 bilhões) e 50% na agropecuária (R$ 6,8 bilhões). Para além desses números, o banco também zerou o percentual de inadimplência acima de 90 dias.
Parte desse novo entusiasmo para os negócios pode ser explicado pelo cenário macroeconômico favorável nos primeiros meses do ano. Os indicadores mensais do IBGE, em especial nos setores de varejo e serviços, registraram uma alta do consumo no período, assim como o mercado de trabalho se manteve aquecido.
Nesse contexto, diversas instituições revisaram suas estimativas de crescimento para o PIB de 2024, assim como as expectativas do boletim Focus de 06/05/2024, se elevaram para 2,05%. Em consonância, de acordo com a Confederação Nacional da Indústria, 73% das grandes indústrias nacionais têm plano de investimento produtivo em 2024.
Em contrapartida, a escalada das tensões políticas internacionais e suas consequências (vide artigo “Pontos de inflexão à vista”) em consonância à tragédia climática recente no Sul do país, que gerará impactos ainda desconhecidas do ponto de vista econômico, acende um ponto de alerta para os próximos períodos, haja vista uma possível retração do dinamismo observado até o momento. A divulgação do IPCA de abril/24 em 0,38%, ainda não capta as pressões inflacionárias deste desastre ambiental, com a taxa de inflação acumulando alta de 3,69% em 12 meses.
De toda forma, a ampliação da participação dos bancos de desenvolvimento nacionais e instituições de fomento ao investimento é uma realidade constatada, tornando-se essencial o conhecimento acerca dos aspectos mais relevantes da obtenção de financiamentos de longo prazo para os atuantes nos mais diversos negócios. Se tanto movimento vem se registrando, parece sensato estudar estas oportunidades de financiamento.
Com o intuito de intensificar o debate sobre o tema, a ProFit em parceria com o IBEF-Rio, apresentará o seminário Financiamentos de Longo Prazo na próxima quinta-feira (16/05/2024) às 9:30, cuja inscrição pode ser realizada por este link.