Opiniões

A negociação de empresas como estratégia de crescimento

Ao longo dos últimos anos, a negociação de empresas (compra e venda do controle societário ou da totalidade das cotas ou ações) se mostrou como uma forte estratégia para médias e grandes empresas que buscam a expansão e aceleração de seu crescimento, além de uma alternativa a ser considerada no planejamento sucessório patrimonial familiar.

Seja por uma fusão horizontal (empresas concorrentes do mesmo segmento) ou vertical (fornecedores ou clientes da empresa referida), este movimento tem sido impulsionado por fatores como a constante necessidade de adaptação a mercados em transformação, a busca da diversificação de operações, ganhos de escala e competitividade ou ainda a criação de eventos de liquidez.

Nessa linha, o mercado de compra e venda de empresas no Brasil apresentou um aquecimento significativo em 2024, registrando um aumento de 17% no número de operações no segundo trimestre do ano, de acordo com dados da KPMG, uma das big four que faz regularmente este acompanhamento. O estudo recorrente destacou ainda as operações dentro dos setores de tecnologia da informação, especialmente com o aumento expressivo das aquisições no ramo de startups, seguida pelas indústrias de alimentos, bebidas e fumos.

Para compreender este crescimento do mercado, é essencial analisar as motivações tanto dos compradores quanto dos vendedores para iniciar um processo de fusão ou aquisição.

Do lado dos compradores, adquirir uma empresa oferece vantagens significativas em termos de tempo e recursos. Em vez de iniciar uma nova operação do início (greenfield), o investidor-comprador já incorpora ativos estratégicos como instalações, carteiras de clientes, tecnologia e capital humano. Além disso, a aquisição de concorrentes permite aumentar o volume de operações propiciando ganhos de escala e, ao mesmo tempo, fortalecendo a posição da empresa no mercado, elevando seu market share e poder concorrencial.

Outro ponto central é a sinergia entre as empresas. Em muitos casos, as empresas adquiridas possuem características ou know-how específicos, que podem constituir uma grande vantagem competitiva. Assim, isto possibilita que a empresa compradora amplie sua capacidade de inovação, melhore a eficiência e alcance novos mercados com maior rapidez.

No lado dos vendedores, especialmente no caso das empresas familiares, a falta de sucessores qualificados ou interessados continua a ser um dos principais motivadores para a venda. Empresas familiares respondem por mais da metade do Produto Interno Bruto (PIB) do país, e a decisão de vender é, muitas vezes, uma maneira de garantir a perpetuação do legado empresarial sem correr o risco de comprometer seu futuro por falta de gestão adequada.

Outro fator que incentiva a venda é a percepção do risco de concentrar todo o patrimônio em uma única atividade. A diversificação do portfólio é uma prática recomendada e, ao vender sua participação em uma empresa, o empresário pode investir em outras áreas, minimizando os riscos associados às flutuações em um só mercado.

Além disso, os desafios de gestão, como a falta de capital para expansão, a rápida evolução tecnológica ou a entrada de novos concorrentes, também motivam empresários a transferirem a propriedade e gestão de suas empresas. A governança corporativa tem evoluído para mitigar esses riscos, mas em certos casos, a venda do negócio pode ser a melhor alternativa para preservar o patrimônio e manter a competitividade no mercado.

Embora existam diversas motivações para a compra ou venda de uma empresa, este processo é complexo e requer conhecimento técnico especializado para o sucesso da transação. Nesse sentido, é de indispensável seguir o protocolo padrão que envolve os procedimentos de avaliação, mapeamento e prospecção de potenciais investidores, negociação, auditoria contábil especial (due diligence), estruturação dos principais documentos jurídicos de alinhamento entre as partes e, por fim, a conclusão da transação.

Com o propósito de transmitir o conhecimento adquirido em mais de 30 anos de experiência no ramo, a ProFit em conjunto ao Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças (IBEF-Rio) promoverá o seminário “Fusões e Aquisições: Como Comprar e Vender Empresas” no dia 18 de outubro às 9:30. As inscrições podem ser realizadas através do link:

https://agenda.ibefrio.org.br/curso/fusoes-e-aquisicoes-como-comprar-e-vender-empresas/