A Importância da Controladoria Externa
A controladoria externa desempenha um papel fundamental na gestão e operação das empresas modernas. Sua importância não pode ser subestimada, pois envolve a identificação precoce de problemas e a implementação de soluções eficazes, prevenindo crises e assegurando a saúde financeira e operacional das organizações. Neste artigo, exploraremos os principais aspectos da controladoria externa, tendo por base nosso seminário regular “Como (Re) Organizar Financeiramente sua Empresa”, que reflete a experiência de mais de 30 anos PROFIT neste segmento.
Antecipação de problemas e soluções
O ponto de partida da organização empresarial sendo proposta é a identificação de problemas antes que eles se agravem, mas tal abordagem não é exclusiva do ambiente empresarial; médicos também reconhecem que a identificação precoce de problemas de saúde pode melhorar significativamente os prognósticos. Da mesma forma, nas empresas, a antecipação de problemas permite a adoção de medidas corretivas antes que se tornem críticos.
Uma analogia para ilustrar a necessidade de vigilância contínua é a de um comandante de avião sobrevoando o Atlântico com seus radares constantemente monitorando o percurso. Ele conhece sua rota e está vendo todo o panorama à frente, recebendo informações a todo instante, assim, no caso de um contratempo, ele consegue desviar de sua rota original com segurança. Dessa maneira, tal como o piloto ajusta a rota com base nas informações recebidas, as empresas devem ajustar suas estratégias e operações conforme as condições do mercado e da mudança de variáveis internas.
Os riscos corporativos
Partindo do pressuposto de que a natureza da vida é a mudança constante, o risco pode ser considerado o desconhecimento acerca do futuro para onde iremos. Logo, o risco é inerente a quaisquer processos, sejam eles físicos, econômicos ou corporativos, sendo de suma importância seu gerenciamento.
Visando a antecipação de problemas e cenários potenciais, é possível classificar os riscos em dois grandes grupos:
- Endógenos, aqueles que surgem dentro da própria operação empresarial, como questões financeiras e logísticas;
- Exógenos, aqueles que vêm de fora da operação da empresa, como riscos de mercado, mudanças regulatórias, ou fatores macroeconômicos como taxas de juros e inflação.
Dentre os riscos gerados internamente e identificáveis nas demonstrações financeiras, existe ainda a distinção entre os riscos contidos nos ativos e nos passivos. Por exemplo, na perda de um estoque devido obsolescência ou perecibilidade. Em termos de passivos, por sua vez, vale observar a relação com fornecedores, tributos, bancos, foro de pagamento de pessoal e, eventualmente, outras exigibilidades.
De forma geral, a capacidade de uma empresa de prever e se preparar para esses riscos pode determinar sua sobrevivência e sucesso a longo prazo.
Os relatórios contábeis e a informação gerencial
Outro ponto central que deve ser discutido é a transformação da contabilidade em uma ferramenta de gestão estratégica. Tradicionalmente, a contabilidade é vista por sua função legal e tributária, sendo responsável pelo registro do patrimônio, cálculo de dividendos e pagamento de impostos. No entanto, quando os dados contábeis são interpretados e apresentados de maneira adequada para além do obrigatório, eles se tornam uma poderosa fonte de informação gerencial.
É neste meio que a controladoria desempenha um papel crucial ao transformar dados brutos em relatórios significativos, que ajudam os gestores a tomar decisões informadas. Por exemplo, ao identificar que as tarifas de energia elétrica estão impactando significativamente os custos operacionais, a empresa pode explorar alternativas como a autoprodução de energia através de painéis solares. Esse tipo de insight gerencial pode resultar em economias substanciais e em um melhor alinhamento estratégico.
Além disso, é relevante que os relatórios gerenciais passem por revisão de um terceiro, que não o formulou, assim, a visão externa pode captar erros não visualizados por quem está inserido na realidade financeira da empresa. Nesse sentido, consultores e auditores independentes podem trazer uma perspectiva imparcial e objetiva, fornecendo recomendações valiosas para a eficiência empresarial.
Diagnóstico Empresarial
O diagnóstico empresarial é essencial para qualquer empresa que busca melhorar suas operações e aumentar sua eficiência. Inspirado no método socrático de indagação, este programa de trabalho enfatiza a necessidade de questionar continuamente os processos e práticas estabelecidas. Isso pode revelar ineficiências e áreas onde melhorias podem ser feitas.
Por exemplo, ao revisar porque certos relatórios são produzidos, uma empresa pode descobrir que muitos deles são redundantes ou desnecessários, liberando recursos para áreas mais produtivas. O diagnóstico realizado por consultores externos é particularmente valioso, pois traz uma perspectiva imparcial e novas ideias que podem ser ignoradas pelos que estão imersos nas operações diárias.
Planejamento Financeiro Integrado
Trata-se de um instrumental vital para a sustentabilidade empresarial, sendo necessária uma boa integração entre os departamentos da empresa, que devem colaborar para assegurar que os planos financeiros reflitam as realidades e necessidades de toda a organização.
O planejamento financeiro integrado permite que as empresas antecipem futuros desafios e oportunidades, preparando-se adequadamente para ambos. Por exemplo, uma empresa com excesso de caixa deve considerar como investir esses recursos de maneira eficiente, seja através de aplicações financeiras, investimentos em infraestrutura, ou distribuição de dividendos.
Orçamento Empresarial
Por sua vez, o orçamento empresarial é uma ferramenta que reflete as expectativas de resultados da empresa, questionando o quanto se planeja vender, os custos de produção de cada produto ou serviço a serem desenvolvidos, os recursos existentes ou eventualmente necessários, entre outros. Um exemplo interessante é o orçamento base zero, que não se baseia em resultados passados, mas sim na fundamentação de cada despesa e receita projetada.
Além de sua implementação para o exercício seguinte, o orçamento empresarial demanda um acompanhamento da gestão, confrontando com os resultados realizados no período corrente e anterior.
Conclusão
Tendo em vista esses fatores, uma controladoria externa é muito recomendável para o sucesso de uma empresa. Ela possibilita identificar e reduzir riscos, otimizar processos e garantir uma gestão financeira eficaz. Através da antecipação de problemas, utilização estratégica de relatórios contábeis, diagnóstico contínuo e planejamento financeiro integrado, a controladoria ajuda as empresas a navegarem com segurança no complexo ambiente de negócios atual.
Investir em controladoria externa não é apenas uma boa prática; é uma necessidade para a empresa que deseja sobreviver e crescer em um mundo em constante mudança. As lições do seminário nos mostram que, assim como um piloto depende de seus instrumentos para atravessar o Atlântico com segurança, as empresas dependem de uma controladoria eficaz para garantir sua sustentabilidade a longo prazo.